quinta-feira, 31 de julho de 2008

Expo - Zaragoza 2008 e a questão Portugal vs Espanha




Ao contrário de muitas opiniões que tenho recolhido entre os Tugas, eu até gosto dos nuestros hermanos. Acho graça àquela Passión que os caracteriza. Ok, podem não fazer o mínimo esforço por nos entender, o que faz deles pouco simpáticos, mas a verdade é que com a "pouca simpatia" conseguiram construir um país mundialmente respeitado e cuja cultura influencia a vida de milhares de outras pessoas de outros países. A língua espanhola está de tal modo disseminada, que é vê-la em tops de álbuns mais vendidos nos EUA e Inglaterra. Isso acontece com temas portugueses? Infelizmente não. E é por a nossa música não ser tão boa como a deles? Claro que não, pelo contrário. Mais uma vez, é tudo uma questão de atitude. Que eles têm e nós não. Mas vamos a tempo de mudar. E mudar não passa por ostracizar o exemplo espanhol, mas também não pensar que só o que se faz no estrangeiro "é que é bom".
Fala-se muito da crise, hoje em dia, que de facto nos empurra sem piedade para uma vida difícil e de contrariedades, mas também é verdade que o Tuga gosta de assumir o papel de coitadinho, da inevitabilidade dos acontecimentos. Esquecem-se que têm capacidade de intervir na sociedade.
É um pouco esta cultura do deixa andar e do lugar comum de se culpar os políticos (raios partam... mas não somos nós que votamos neles? então, que coisa, há que pensar e votar melhor, não?) que nos faz estar tão na cauda da Europa e, mesmo aqui ao lado de Espanha, estarmos com bem mais dificuldades económicas e sociais.
Faz-nos falta acordar para a vida. Ter iniciativa, apostar nas nossas capacidades, nos nossos trabalhadores (e dar-lhes condições dignas para desenvolver a sua actividade... quem pensa que um trabalhador desmotivado produz mais que um trabalhador motivado deve ser tótó. e mais... é por não se respeitarem os trabalhadores que cada vez mais assistimos à fuga de cérebros portugueses para o estrangeiro... como havemos querer de evoluir se não seguramos o que temos de bom?) e na nossa capacidade dinamizadora!!
Caramba nós quando queremos fazemos coisas boas. Tomei a Expo como exemplo para escrever este artigo. Foi ou não um grande evento, com um enorme sucesso? Lembro que em 2000 houve Expo em Hannover, que ficou a anos-luz da nossa.
Mas depois o que aconteceu? Especulação imobiliária, prédios gigantes a crescerem que nem cogumelos (e os urbanizadores a dizerem que estava tudo pensado desde o projecto original... claro que sim, e eu sou o Pai Natal), equipamentos sociais praticamente inexistentes, enfim... Podemos dizer que o que aconteceu em Sevilha foi ainda pior, quando a Expo ficou abandonada, mas também podemos dizer que a solução encontrada à posteriori, foi uma enorme mais-valia para a região. Que coisa, cada vez que vou à Isla Mágica só oiço falar português... significa que a malta gosta do conceito de Parque Temático. Porque não apostar num parque destes em Portugal?
Já para não falar da nossa rede produtiva, das pescas, etc, que a pouco e pouco vão perdendo importância no mercado internacional. Algo se passa aqui.

Tudo isto para dizer que, não, não preferia ser espanhol, mas acho que em muitas coisas os nossos amigos são bem mais inteligentes que nós. Deixem-se de os criticar por não quererem perceber português e agarrem-se mais à vida, como eles.
A Luta por uma vida melhor é justa, digna e faz de nós homens e mulheres mais conscientes e com mais competências para construir um Portugal e um povo português mais coeso e mais forte no panorama mundial.

De qualquer maneira, aconselho todos a passarem por Saragoça e visitarem a Expo e perceberem o que ali vai nascer após a exposição.
Eu irei. Depois deixo comentário.

Abraço para todos,
BM

2 comentários:

Andrea Santos disse...

Olá!
Obrigada, poupaste-me trabalho... já ando há um tempo para fazer uma pesquisa sobre a expo de saragoça, já deu para ver umas coisas, assim... hihi
concordo com o restante texto.

beijinhoooooo

Ana disse...

Concordo contigo, e em relação àquilo que os espanhóis fazem de diferente em relação a nós é que eles sempre manteram a sua identidade nacional para o exterior, mesmo tendo tantas diferenças e divisões internamente. E mesmo tendo entrado para a UE ao mesmo tempo que nós, eles não estão numa postura de subalternos, de acatar por acatar. Aceitam o que têm para aceitar, mas também naquilo que não concordam fazem à maneira que mais convém ao país (já cá não podemos dizer o mesmo...).

Eu também não tenho nada contra os espanhóis (afinal de contas deram-nos o Hospital Central) e acho que temos algo a aprender.