domingo, 21 de setembro de 2008

Cultura de Pedra

"Cultura de Pedra" não será apenas um artigo, mas antes uma rubrica. Uma rubrica onde vou escrever sobre as intervenções que várias entidades estão a realizar, de maneira a conservar e melhorar o nosso património arquitectónico.
Para projectar o futuro é essencial percebermos o passado, quem somos, de onde viemos. É também fundamental respeitar a história, partilhá-la com as nossas crianças para que nunca se esqueçam as atrocidades que a Humanidade já cometeu, mas também os grandes feitos de que foi capaz.
O mesmo se passa com todos os monumentos e edíficios históricos que os nossos antepassados ergueram com os mais variados objectivos. Hoje, alguns deles tornaram-se em museus, em casas de cultura; outros, porém, são abandonados, vandalizados e deixados a apodrecer, solitários ou ocupados por mendigos, até que, ou é destruído por completo, ou alguém com visão decide restituir-lhe a dignidade que merece e dar-lhe uma missão social. Porque não um abrigo digno para os mendigos "ocupas" e outros carenciados? Em destroços e abandonados é que não servem para ninguém e são uma vergonha colectiva.
Este tema será objecto de reflexão, pelo menos, uma vez por mês. Digo "pelo menos" porque é óbvio que se se justificar, a periodicidade pode/deve ser menor. 

Este primeiro olhar da "Cultura de Pedra" vai, naturalmente, para a freguesia que me recebe todos os dias, após horas de luta; que está sempre lá, acolhedora e familiar. Como disse uma vez uma amiga, noutras aventuras, é bom saber que temos um "chapéu de chuva" que nos abriga. Por mais voltas que dê ao mundo, como é minha vontade, será sempre agradável voltar a este pequeno chapéu de chuva, onde me sinto confortável e em casa.

Sim, é sobre Caneças que vou falar.

Neste campo e nesta freguesia, poderia dar vários exemplos de renovações e melhorias já feitas, em progresso ou agendadas.
Mas como este espaço quer-se de discussão e não de dissertação, vou só apresentar duas, as mais recentes:

1 - Tanque das Lavadeiras e Parque das Fontainhas




Este equipamento, noutros tempos, servia para as famosas lavadeiras de Caneças lavarem a roupa dos senhores de Lisboa.
Este espaço já sofreu diversos melhoramentos ao longo dos anos, mas tem sido alvo de algumas vandalizações... especialmente à noite, com a falta de iluminação.
A Junta de Freguesia de Caneças não se deixou intimidar por estas pseudo-manifestações de cultura urbana (os chamados TAGs), e decidiu renovar, novamente, este espaço. Desta vez, colocou um conjunto de projectores que iluminam o espaço durante a noite e lhe conferem uma vida e dignidade notáveis. Para além disso, foi instalado um circuito de água fechado que permite que corra água no tanque, fazendo lembrar os antigos tempos.


Também o parque das Fontainhas, agradável espaço de merendas e convívio situado por cima da Fonte com o mesmo nome, foi renovado. Uma nova rampa para acesso a pessoas portadoras de deficiência é um exemplo da nova cara do parque.

2 - Escola Primária transforma-se em Junta de Freguesia

Parece mentira que há uns quantos anos dei os meus primeiros passos académicos neste edifício:


Pois, é verdade. Foi aqui que andei na escola, da 1ª à 3ª classe... Depois disso não houve muito mais alunos a passar por lá e o edifício passou a albergar a delegação escolar. Contudo, há vários anos que se encontrava abandonado. Até que, mais uma vez, a Junta de Freguesia interviu: percebendo que as actuais instalações da sede da autarquia já não se adequam à sua intervenção, decidiu comprar este imóvel e transformá-lo nas suas futuras instalações.
Como o encargo financeiro é incomensuravelmente maior do que o seu poder de compra, a maneira que a junta encontrou para desbloquear esta situação foi solicitar parceria à Caixa Geral de Depósitos, que será inquilina da Junta de Freguesia neste edifício. De uma vez só, chega-se a dois anseios da população: melhores instalações e melhores condições para irem tratar dos seus problemas e uma agência da CGD, que ainda não havia na freguesia.
Após um processo que se arrastou durante alguns anos (a burocracia em Portugal mete medo), finalmente houve fumo branco.


E não foi por haver novo Papa, mas porque as obras já começaram e estão a avançar a todo o gás.

Assim que estiver pronto, comprometo-me a mostrar-vos o resultado final.

Até lá, se tiverem sugestões ou quiserem mostrar algo nesta rubrica, digam-me alguma coisa!

BM

3 comentários:

Ana disse...

Esta rúbrica é uma óptima ideia. E que melhor sítio para começar que o nosso próprio guarda-chuva? =)

A preservação do nosso património arquitectónico ('tá giro, em tempos foi este o curso que eu quis fazer, quem sabe se um dia não retomarei a ideia...) é estremamente importante não só para a conservação da nossa identidade enquanto povo mas também para prevenir problemas maiores resultantes de um estado de abandono avançado.
Força nisso, e boa sorte para as obras da casa nova.

Bruno Martins disse...

se retomares a ideia, tenho muitas sugestões... todos os dias vejo imensos prédios em Lisboa a precisar de cuidados de saúde. Muito triste, com tanta gente a dormir na rua e tantas casas abandonadas.
enfim

Ana disse...

Quem sabe? Pode ser que depois da minha vida abroad, se não chegar a descobrir o que fazer com a administração pública, e se ainda me apetecer, me volte para a conservação e restauro.