quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Edgar Alan Poe - Selected Tales



Não há fan de policiais, fantasias e histórias de horror que não conheça este nome: Edgar Alan Poe.

A ficção, científica ou tenebrosa, que hoje conhecemos, é tão só o reflexo dele.

O génio nunca ninguém esquece. Tal como ninguém esquece a sua vida boémia, a sua expulsão de várias forças armadas onde estava inserido e o seu casamento secreto com a prima Virgínia de, pasme-se, 13 anos.

Mas como se poderia esquecer "The Raven" ("O Corvo", traduzido para Português por Fernando Pessoa "ritmicamente conforme o original") ou a colecção de contos "Tales of the Grotesque and Arabesque", (que Baudelaire traduziu para Francês)? Não podia. Não pode.

A páginas tantas, o mestre desenvolve um darkside, muito para satisfazer as aspirações do público que parecia delirar com as suas fantasias e histórias de terror psicológico. Há mesmo quem o considere Gótico. Eu não preciso de rótulos para o descrever. Só adjectivos. Um. Brilhante.

Mas porque raio me lembrei agora do homem, estarão vocês a pensar... Vários motivos. Vi o cartaz de um filme adaptado de um dos meus livros favoritos, um grande policial histórico, que oportunamente merecerá um artigo só para si e que me fez rever mentalmente as minhas histórias favoritas. O primeiro. Depois porque, pelos corredores do enfadonho centro comercial, esperando a inspiração para o que quer que seja, vejo a FNAC. O segundo. Bom lugar para buscar inspiração. O difícil é não cair em colagens a autores que se gosta tanto. Tentam vender-me uma coisa que nem me lembro, subo as escadas rolantes e ei-lo alguns passos depois:

 
Era uma prateleira cheia de Poe!
O coração bateu mais forte e decidi perder o amor ao dinheiro.
Nem queria saber quanto custava esta colectânea, peguei-lhe, li de enfiada.
Só depois o virei, arrebatado, para ver o preço: 2,70 Euros.

Não sei bem o que pensar disto. Acho que este deveria ser o preço de todos os livros (pois se este só custa isto, é porque é possível fazer livros baratos. Não pensam que a editora tem prejuízo para o vender, pois não?), mas num panorama actual em que a cultura se paga a peso de ouro, qual a razão para Poe ser vendido ao preço da uva mijona?
Será por ter quase 2 séculos? Uhm. Se é, a verdade é que continua a inspirar-nos. 

Viverás para sempre no bico dos nossos lápis e na ponta dos nossos dedos.

Façam-me um favor e vão comprar este livro.

Acho que vou ter uma noite de insónia.

Post Scriptum (sim, recuso-me a escrever a sigla da família do Engenhocas trapalhão): se amanhã não conseguir pensar em radionuclídeos,  é porque Poe, como o seu Corvo aos olhos de Baudelaire, "desperta uma série de tristes pensamentos adormecidos: (...) mil aspirações perdidas, mil desejos frustados, uma existência fracassada, um rio de recordações que se expande pela noite fria e desolada."

BM

3 comentários:

Andrea Santos disse...

Muito Bom artigo.
Só não sei se esta será a melhor altura para andares a ler "mil aspirações perdidas, mil desejos frustados, uma existência fracassada, um rio de recordações que se expande pela noite fria e desolada." lol
bjs

Ana disse...

Sim, senhor. Alguma elevação de volta a este blog.
Gosto muito do senhor Poe. A primeira coisa que li dele foi o The Black Cat, em inglês. Pessoalmente gosto de ler Poe em inglês, não sei porquê, há qualquer coisa de muito bom na versão original; acho que quando o leio em inglês o consigo imaginar melhor, atrás da sua secretária, de pena na mão a escrever.

Ah, e a prima ter 13 anos não é assim tão estranho quando recuamos 200 anos no tempo.
=)

Bruno Martins disse...

Pois Andrea, talvez tenhas razão. Mas é nestas alturas que mais se apreciam estas coisas. É como o Fado.

Também prefiro lê-lo em inglês, apesar das traduções do Pessoa serem muito boas.
Ana, já leste o "The Raven"? É excelente.
Pois, claro que não era estranho ele desposar a miúda. Era o normal para a época. Mas lá que aflige pensar, aflige.

Bjs para as duas.

BM