terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Natal dos pequeninos

Quando vou ao centro comercial e vejo milhares de pessoas a gastarem mais dinheiro do que aquele que têm, a endividarem-se... fico profudamente triste.

Porque razão um presente interessa assim tanto?

Destesto ser derrotista, mas tenho de concordar com o BOSS AC, quando diz que "parece que é desculpa para um ano de costas voltadas, e o que interessa é se as prendas estão compradas!".

E depois, no meio desta azáfama desenfreada, vamos tendo contacto com outras histórias, duras, sem jingles de Natal, reais.

Este fim de semana, por exemplo, conhecemos algumas.
Na Feira de Natal do Távola Redonda, um jovem de 16 anos, perante a mãe, que estava presente e que ele chamou ao palco, cantou este poema, escrito pela mão dele:



Saltaram lágrimas um pouco por toda a sala... porque era inevitável. Aquilo estava a acontecer mesmo à nossa frente. Não pudemos desviar o olhar. Não pudemos fazer de conta que estas pessoas e estas histórias não existem. Tivemos de ver. Ouvir e sentir.

Se eu já sentia e via o Natal de maneira diferente, agora... ainda é pior.

"uns deitam comida fora... outros não a têm à mesa". É isso mesmo, AC.

Para vocês, Dark Christmas, uma melodia que deve tocar nos corações de quem não tem uma mesa farta na ceia, de quem não tem mãe para lhe dar carinho de presente, de quem sabe que vai perder a luta contra uma doença, de quem é vítima de ódio pela diferença, de quem não vive a vidinha simples e despreocupada das pessoas "normais":



Absolutamente brilhante, esta peça.

BM

3 comentários:

Andrea Santos disse...

tanta injustiça e tanta desigualdade...
enfim...

Carla disse...

Sabes o que é inacreditável... é todas as pessoas terem muita pena dos coitadinhos, participarem nas campanhas de natal para os ajudar e tal e depois sentirem que fizeram o que estava ao seu alcance e cruzarem os braços.
Tambem estive presente na iniciativa do Távola que aproveito para saudar e de facto.. que situações marcantes aquelas que algumas pessoas vivem.. e nós às vezes envolvidos em pequeninos problemas de merda... aquilo que é minha convicção é que projectos como o távola fazem todos os dias, em todos os locais e cada vez um maior sentido.. inacreditável é ainda estes projectos viverem com dias contados a depender de boas vontades governamentais em vez de serem assumidos como uma prioridade corrente e permanente. Aos Técnicos do Távola os meus parabens pelo trabalho desenvolvido e aos jovens do Távola o meu apelo para que transformem todos esses problemas em força para mudar não só a sua vida mas também o mundo que vivem, transformando-o num local melhor, mais justo e sem tantas desigualdades.
Obrigada pelo espectáculo e já agora pela reflexão.
Bjs

Bruno Martins disse...

Obrigado eu, pelo comentário.
Sempre pertinentes, os vossos contributos.

bjs às duas.

BM