quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Karl Marx em "Sobre o Suicídio"

Para quem pensava, como eu, que o filósofo Karl Marx só se tinha debroçado sobre economia e política, só lhes tenho a dizer que: estávamos todos mais ou menos enganados.
Espantei-me, é certo, quando vi este título na prateleira da livraria. Acorri a ler a sinopse. Que não me chegou. Sentei-me e abri o livro. E li-o quase todo ainda na livraria. É verdade que não é grande (não chega a 100 páginas), mas não é por isso que se deixa ler com facilidade.
Pegando nas palavras de um polícia criminal e misturando-as com as suas, Marx faz um retrato social de uma sociedade burguesa, cujos usos e costumes muitas vezes empurram as pessoas para decisões precipitadas e demasiado definitivas.
Pegando em histórias documentadas pelo polícia, tenta descrever o como e o porquê de algumas cenas de suicídio. Nesse célere dissecar de acontecimentos fúteis, deixa escapar, intencionalmente pois claro, uma dura crítica à sociedade de então.
A falta de solidariedade, de respeito pela diferença, a indiferença, que não podia faltar, a soberba, o egoismo e a vergonha, a ganância e tantos outros, que podíamos chamar de pecados, alguns mortais, ou crimes contra a Humanidade, são apenas o espelho da organização de uma sociedade que nos quer competitivos, mas não eloquentes, que nos quer produtivos, mas não produtores, enfim, que nos quer explorar e não partilhar.
Envolto neste pseudo-ensaio sobre o suícidio, Marx tentou, uma vez mais, utilizar a linguagem para fazer passar esta mensagem da podridão de um sistema, que juntos podemos alterar.
O que me assusta é que as suas, e as palavras do polícia Peuchet, remontam a 1846, data da primeira edição desta obra impressionante, e continuam mais do que actuais.
164 anos depois.
Dá que pensar.
BM

2 comentários:

Carla disse...

Espero verdadeiramente que tenhas comprado o livro e que não te tenhas limitado a usurpar o seu conteúdo. Sabes que as livrarias vivem dos livros que vendem?! é uma pena mas os livreiros não podem apenas difundir cultura, têm mesmo de a vender. Tou mesmo a ver.. tu a folheares o livro e o sr da loja a pensar.. Granda lata que aquele gajo tem

Andrea Santos disse...

lol
sou testemunha de que o livro foi adquirido.