terça-feira, 4 de outubro de 2011

5 anos de felicidade

Amanhã despeço-me de um dos objectos que me é mais querido: o meu passaporte.

Expirou. Passaram 5 anos. Das viagens para fora do espaço Schengen, não tantas como gostaria, mas as suficientes para me sentir privilegiado, restam fotografias, lembranças das ruas daquelas cidades e aldeias, do choro dos meninos nas ruas, do fogo do sol a queimar a minha pele morena, dos cheiros das comidas das casas terreiras, do aroma do café ao fim da tarde, dos sorrisos, das mãos estendidas, dos monumentos e dos momentos.

Gostava de ficar com ele, para me lembrar. 
"O seu passaporte é propriedade do Estado, meu senhor; Se não o entregar terá de pagar mais uma parcela extra". 

Confesso que fiquei um bocadinho triste. 

Mas depois pensei que não é um livrinho que me vai ajudar a recordar seja o que for. Tudo o que eu vi, morrerá comigo. E caso não tiver o azar de ser apanhado pelo Alzheimer, basta-me fechar os olhos para me transportar para cada um dos sítios onde tive o prazer de tocar o solo. De pés descalços, claro. Com pouca roupa. Com roupa repetida dia-a-dia, que vai escurecendo com a sujidade da cidade. Com as pingas que respingam de almoços inesperados, de comidas exóticas, com o suor que prova o esforço da caminhada, com as manchas que carregam o pó da estrada, com as ervas que se agarram no leito do sono  ou a baba do Camelo que se atravessa no caminho.

Mesmo com as dificuldades impostas pela suposta crise, viajar será sempre uma prioridade. 



Amanhã vem um virgemzinho que daqui por três semanas terá um visto para... ANGOLA. 
Here I come. 

BM

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