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Vamos enquadrar isto primeiro.
João Mascarenhas, o autor desta saga, chegou até ao meu conhecimento através das iniciativas do Grupo Entropia, um colectivo de criativos que promove a arte e a cultura em Portugal e do qual me orgulho de pertencer.
Este fim de semana, na Casa da Cultura em Caneças, assisti a (mais uma, creio) apresentação deste que é o quarto livro da história do Menino Triste, inserido na exposição de BD, ilustração e fotografia "Universos do Entropia".
Parece que este menino é o alter-ego do autor, pelo que não é de estranhar que muitas das histórias que ele retrata nos quadradinhos e nas vinhetas sejam, mais coisas menos coisa, as dele próprio. Uma visita ao seu blogue permite perceber a génese da personagem e como o seu sucesso foi acidental.
Recuando nos artigos até à inauguração do blogue, encontramos uma pergunta engraçada: "porque é que o menino é triste?"
A resposta do João é muito interessante:
"O "triste" do nome da personagem não tem de significar necessariamente "deprimido" ou "infeliz". Antes pelo contrário, no caso desta personagem. O "triste tem mais a ver com "preocupação".
Efectivamente, a ideia para o nome surgiu-me da leitura de vários textos de psicologia, onde alguém dizia que quando uma criança cresce na ausência da mãe, ou os seus sonhos não são completamente atingidos, essa criança tem a tendência a tornar-se num criança triste. O que faz com que praticamente todos nós sejamos potenciais "meninos tristes".
Contudo, O Menino Triste é um menino feliz, e o nome é portanto mais uma "figura de estilo" do que uma fatalidade do espírito."
E se ele não tinha intenção de publicar nem sequer o primeiro volume, a pressão dos cada vez mais fãs fê-lo escrever mais um e mais outro e agora ainda mais este, o quarto.
E é neste quarto que João conta como chegou a Londres a primeira vez, com apenas 16 anos, e em pleno desfraldar do movimento Punk. Sem intenção, viu-se envolvido por toda aquela revolta, por aquele mundo novo com o qual se identificava, com "do it yourself" que levava os jovens a fazer, em vez de assistirem passivamente ao desenrolar dos acontecimentos.
Não quero ser spoiler e deixar-vos apreciar este belo exemplar de BD em português, sobre um português que deu cartas em Londres, que teve um papel pelo menos interessante no início do movimento Punk e que podia, hoje, ser um famoso músico... mas que acabou por não ser por respeito aos seus ideais que, pareceu-lhe, poderiam ser incompatíveis com vocalistas que queriam usar suásticas ao braço.
Gostei de ter conhecido este senhor. A sua história e o seu livro levaram-me directamente até Londres e por lá vagueei ouvindo sons como...
BM
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