domingo, 4 de novembro de 2012

1Q84 vol.3 - A apoteose da loucura de Murakami


Pensava que não poderia ter acertado mais quando decidi adjectivar esta obra de Murakami com "loucura". Chegado agora o fim da trama... tenho completa certeza!

Apesar deste último volume não ser tão fascinante como os outros dois (já volto a este assunto) era, naturalmente, imprescindível lê-lo até ao fim. 

Há partes do livro em que Murakami parece ter sido picado pelo mesmo mosquito que picou Eça de Queirós (todos recordamos as 17 páginas de descrição do Ramalhete, certo?) e perde-se em pormenores que só atrasam o tão desejado desfecho. Ou se calhar nem é isso. Talvez o problema seja estarmos tantas páginas à espera que Tengo e Aomame se re-encontrem, que ficamos um tudo nada ansiosos. Deve ser isso. 
Que se lixem os detalhes do prédio onde vive Tengo ou as fobias de infância de Ushikawa; aliás, para quê tanto tempo perdido com este senhor? Devo dizer que passar a haver capítulos dedicados a esta personagem, não me deixou muito satisfeito. Raios, mais um a empatar. 

Mas ninguém pode conter a conspiração do Universo, nem mesmo o povo pequeno. 

Tengo e Aomame voltam a reunir-se!!

É só isto que vos conto. Não revelarei mais nada, só digo que o final me deixou completamente desconsertado. Não estava nada à espera de um desfecho daqueles. Acho que fiquei uns bons cinco minutos de boca aberta a olhar para o ponto final final, sem querer acreditar. 

Mas uma coisa vos digo, tive de esperar vários dias para conseguir esta pequena nota sem chamar milhares de impropérios ao Murakami. E é por isso que sei o quanto ele é, afinal, um escritor de mão cheia. 

Ah, só para dizer: à chegada a Milão também eu me deparei com o Tigre da ESSO a oferecer-me o perfil esquerdo. Pode ser que encontre o Tengo e a Aomame hoje junto ao Duomo, quando lá for despedir-me a apreciar um último Camapari. 

Bar "Living", Milão
30/10/12

BM

4 comentários:

Ricardo disse...

Mal termine o livro que estou a ler de Ken Follett, vou pegar no 3.º livro de 1Q84. A expectativa é grande.
Pelo que dizes, aqui está a prova de que "loucura" pode ser uma coisa boa!

Bruno Martins disse...

Oh Ricardo... não sei se já falámos nisso... Mas o que achas do Follet? Confesso que tenho muita curiosidade. Já tive vários livros dele na mão e só ainda não comprei... olha, nem sei porquê.

Vale a pena???

ab
BM

Ricardo disse...

Oi Bruno,
Follett vale muito a pena. É daqueles autores que tem o condão de nos deixar em suspenso no final de cada capítulo.
Comecei por "O Terceiro Gémeo" (uma cientista, especialista em gémeos e em componentes genéticos, descobre a existência de dois homens que parecem ser gémeos verdadeiros...). Recomendo vivamente. É daqueles livros que não são lidos, mas devorados.
Depois li "O Mundo sem fim", romance histórico cuja acção decorre no século XIV (passa-se na mesma localidade que o mais famoso "Os Pilares da Terra: Kingsbridge).
Épico histórico, mas do século XX, é a trilogia "O Século", que acompanha a saga de cinco famílias que acompanham vários momentos marcantes (Guerras Mundiais, Revolução Russa, luta das sufragistas, etc...). Os dois primeiros capítulos - "A Queda dos Gigantes" e "O Inverno do Mundo" - são monumentais (não me refiro às quase mil páginas de cada livro). O terceiro volume está só previsto para 2014.
Além destes, li também "O Homem de Sampetersburgo". Agora estou a ler "O Estilete Assassino" (primeiro livro de Follett, que o autor escreveu para pagar uma despesa na oficina!)
Não tenho dúvidas em afirmar que valeu a pena o carro do senhor ter-se avariado algures na década de 70.
Nota: todos estes livros foram (lá vem a expressão) devorados em 2012!

Eis dois links (se tiveres tempo e paciência) para explorar:

http://comovaiasaudinha.blogspot.pt/2012/05/queda-dos-gigantes.html

http://comovaiasaudinha.blogspot.pt/2012/07/epico.html

Bruno Martins disse...

Ena, obrigado Ricardo!!

Convenceste-me!!! :D

Ab
BM