" O Grito da Gaivota"

Um livro de Emmanuelle Laborit. 

Emmanuelle é uma famosa actriz surda francesa, cuja vida decidiu imprimir em prosa, para que todos possamos perceber as dificuldades, os medos, os anseios, os sonhos e as vitórias daqueles que, não podendo ouvir, vivem com tanta ou mais intensidade do que qualquer outra pessoa.

Ser surdo em França antes de 1991 era tarefa difícil. A língua gestual era, até então, proibida. E pensar que os rudimentos desta língua foram inventados em 1620 por um monge espanhol...

Esta mulher é um autêntico modelo. Um exemplo. De força, de sucesso. 

Contra tudo e contra quase todos, aprendeu a viver com a sua diferença, acabou o liceu e triunfou nos palcos do teatro francês. 

É um livro que nos dá prazer, mas ao mesmo tempo, abre-nos a alma e os olhos e faz-nos relativizar os problemas que vamos enfrentando no dia a dia. 

Para além disso, volatiliza-nos o espírito com pensamentos como:

"A paixão e a necessidade do outro, a confiança total. É dar e receber, mas essencialmente dar. Creio que se pode dar tudo no amor. E que é preciso aprender a receber. 

O Amor é ultrapassar-se a si mesmo, tentar aceitar o outro tal como ele é. Com as suas diferenças."

A páginas tantas, revi-me na Emanuelle, que se auto-intitula de "Gaivota":

"Está na minha maneira de ser, ultrapassar-me a mim mesma, ir até ao fim das coisas que me proponho fazer. Quando decido atingir uma meta não paro. Nada me faz parar. Gaivota teimosa. Gaivota obstinada, cansada."

Ah e ainda algumas mensagens...:

"Deixa de ter medo, deixa de te apavorares, vais conseguir. Segue em frente! Atira-te de cabeça!"

Sinto-me inspirado.

Un grand Merci, Gaivota.

Bisou,

BM