segunda-feira, 13 de junho de 2011

"O Anjo Branco" de José Rodrigues dos Santos

Finalmente acabei de ler o livro do jornalista. Mais um, quero dizer. 



A capa traz logo um bom pronúncio: Urbano Tavares Rodrigues, escritor de inteligência invejável, diz sobre ele "Belo, profundo e inteligente romance."

Caro senhor Urbano, concordo plenamente consigo.

A história é de um médico português que tem uma missão: levar cuidados de saúde a uma das colónias do Ultramar. Escolheu Moçambique para fazer aquilo que melhor sabe, cuidar de doentes. 

Por entre percalços que a PIDE não perdoou, José Branco, o médico que se veste sempre impecavelmente de branco, criou o serviço médico aéreo de Moçambique e prestou cuidados de saúde a populações que nunca tinham visto sequer um médico. 

A época, porém, era de intensa confusão política e social. Os "turras", como eram chamados os moçambicanos que lutavam pela independência, de um dos lados da barricada e, do outro, as forças armadas de Portugal. Soldados imberbes que eram levados a cometer as mais vilipendiosas atrocidades. 

Por entre este clima de guerra, José faz o seu trabalho até ter o desplante de tratar de sobreviventes de uma chacina portuguesa. A PIDE, ou DGS como se chamava já nessa altura, não gostou, porém. 

Num livro extremamente bem escrito, José Rodrigues dos Santos transporta-nos para a história do pré 25 de Abril, para as desventuras dos soldados portugueses e da luta das colónias pela independência. Pelo meio vai desfilando uma panóplia de personagens que não se coíbem de dar conselhos aos leitores, ainda que por intermédio dos filhos, como neste caso:

"Viver bem não é viver à grande, é viver limpo e feliz."

Agora quando dizem que o senhor tem uma questão qualquer por resolver, porque os seus livros têm sempre uma componente sexual muito marcada... sou obrigado a concordar. :D 

Em todos os livros que já li dele (e este já é o 6º!!) não faltam menções a cenas escaldantes com pormenores do género deste, cujo protagonista é o sobrinho do nosso médico:

"Desfez-se das roupas que o atrapalhavam e, a tremer,  de desejo incontrolável, procurou-lhe a entrada, mergulhou-lhe entre as pernas e perdeu-se no delicioso caldo de doçura incandescente."

Enfim, o senhor escreve mesmo bem e eu recomendo vivamente o seu Anjo.

Abraço,
BM

2 comentários:

Tiago M. Franco disse...

Também gostei bastante da obra. É impressionante a descrição de como são as guerras na realidade.

Bruno Martins disse...

É verdade Tiago!

Ab
BM