sábado, 12 de janeiro de 2013

"A Mão do Diabo"


Depois de várias revisões a títulos de José Rodrigues dos Santos, já devem ter percebido que sou bastante apreciador do seu estilo de escrita. 
Terminada, pois, que está mais esta leitura, não podia deixar de partilhar convosco algumas linhas. 

O nosso herói volta a ser Tomás Noronha, o historiador e professor universitário, que perde o seu emprego devido à aplicação de medidas de austeridade na sua faculdade, também ela afectada pelo papão da crise. 

É este o mote para 592 páginas sobre o tema mais badalado da actualidade. A crise, claro.

Naturalmente, foi inteligente da parte do autor aproveitar este clima para escrever sobre o tema mas, como ele próprio diz, é impossível escrever sobre ele sem, aqui e ali, deixar escapar alguma opinião ou impressão pessoais. 

Apesar de achar que o autor fez um esforço por se distanciar e apresentar argumentos, através de diferentes personagens, dos dois lados da barricada, creio que falhou numa questão importante. Também aqui se culpa a especulação imobiliária, a corrupção dos políticos do poder e as patranhas dos bancos, mas cai na tentação de considerar tudo isto, empréstimos, austeridade e juros... uma inevitabilidade. 

Mas não é... claro que não é!!

Faltou falar de um ponto importantíssimo. 

Há algum tempo que algumas pessoas em Portugal têm vindo a falar do re-negociamento da dívida. Foram ridicularizados. Pois a mim parece-me ser o caminho mais lógico para devolver rapidamente o controlo do nosso país aos portugueses. 

A falsa ideia de que tudo isto "tem de ser", "que sem a Troika não sobrevivemos", só serve para fomentar o medo nas pessoas e os corruptos de sempre continuam a fazer as tramóias do costume. 

Se não, veja-se: depois disto tudo, despedimentos, cortes de salários, subsídios, férias e feriados, aumento de impostos e taxas moderadoras, estes governantes que acham que "menos Estado, melhor Estado", estão agora a preparar-se para salvar os amiguinhos do BANIF, como fizeram com os do BPN, com o dinheiro que nos andaram a sacar... E nós deixamos? Enfim...

Mas voltando ao livro. Como de costume, a trama é escorreita e de fácil leitura. José Rodrigues dos Santos escreve de maneira a que qualquer leigo possa entender a mensagem que ele quer passar e isso, só por si, é, naturalmente, digno de nota.

Não sendo o meu livro favorito do autor, considero-o de boa qualidade e com um final bastante intrigante. Como é óbvio não perderia tempo a escrever esta revisão se não fosse para o recomendar a todos. 

Ab
BM

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