segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"O Corvo"

"E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
            Libertar-se-á... nunca mais!"


Edgar Alan Poe, em português pela mão de Fernando Pessoa.

Imperdível.

Este livro de bolso, cuja capa partilho aqui convosco, aglutina não só o "O Corvo", como também outras obras do autor que, gentilmente, Pessoa traduziu para que mesmo os portugueses que não dominam o Inglês, possam conhecer este poeta ímpar na história da literatura mundial.

O poeta da melancolia e da negritude não é recomendável em dias de depressão. Oiçam-me (ou leiam-me...) com atenção! Corre-se o risco de, inexplicavelmente, ir a correr buscar um bisturi, ou uma faca afiada, e cortar os pulsos enquanto se lê os seus poemas, com uma música de "Dark Wave" a tocar baixinho lá por trás, e um copo de pé alto de vinho tinto francês.

É melhor lê-lo em dias de muito Sol, numa esplanada e rodeado de gente bonita. É mais seguro.

Mas não deixem de experimentar ler versos de enfiada, ao ritmo imposto pelo autor, e deixarem-se levar pelo ambiente soturno que ele cria em torno dos seus escritos.

Já antes falei dele, num artigo de Fevereiro de 2009, pelo que não me vou alongar muito mais a não ser recomendar vivamente a leitura deste pequeno livrinho que inspira a amar desesperadamente.

Bjs
BM


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