quinta-feira, 9 de agosto de 2012

1984 vs 1Q84 ou a Loucura de Murakami


1984. Japão.

No mesmo ano, em Portugal, nascia Bruno Martins na Rua da Palma, ali perto do Intendente. Sim, do Intendente. E depois?! Apesar de ser um facto que em nada enriquece a prosa, acaba por ser matéria suficiente para falar em público do meu aniversário de singelos 28 verões. 28!

Enfim, adiante. Para que conste, voltei às origens: no Sporting e a escrever com papel e caneta. E que bem que tudo isto sabe. 

Mas é do livro e não de mim (de mim, não mesmo!) que vos quero falar hoje. 

Confesso que nunca me tinha interessado por Haruki Murakami. Em algum local esconso do meu subconsciente, o escritor apresentava-se apenas mais um romancista de gaja. Até ao mês passado não lhe tinha dado qualquer hipótese. Percebo agora o grave erro que cometi. 

Também não me orgulho do motivo do meu primeiro interesse pelo livro, mas vendo bem as coisas, é capaz de ser uma razão tão boa como qualquer outra; talvez não tenhamos sempre de ser profundos e intelectuais, mesmo quando se trata de literatura. O livro chamou-me à atenção pelo título. E, como já devem ter percebido pelo início do artigo, por ser tão estranhamente semelhante ao ano em que nasci. Parece que este ano foi profícuo em baptizar livros. 

O livro começa lento, descritivo. Personagens e lugares. O habitual. Os capítulos são protagonizados, à vez, por Tengo, a personagem masculina, professor de matemática e pretenso romancista (alter-ego de Murakami?!??!) e por Aomame, a personagem feminina, instrutora de artes marciais e assassina profissional. 

As histórias são as das vidas de ambos. De ideais e religiões. De vícios e virtudes. Mas... a certa altura, tudo se transforma. 

Aomame começa a descobrir factos que desconhecia sobre o mundo. Pelo menos sobre o mundo que ela conhecia. 

Tengo vê-se embrulhado num caso de ética discutível em que os pormenores da história de uma menina de 17 anos começam a cruzar-se estranhamente com as descobertas do novo mundo de Aomame. 

A ligação destas personagens deixa-se perceber logo neste primeiro volume, mas não vou dizer como, naturalmente. 

Vou apenas acrescentar que o primeiro volume termina da pior (ou melhor, dependendo da perspectiva) maneira: completamente anti-clímax! Quando se pensa que se vai descobrir alguma coisa. ZIP. Página em branco. Índice. End of chapter one. WHAT?!?!?

De qualquer maneira, a escrita de Murakami é brilhante e vale só pela fluidez que tem. Nem parece que estamos a ler. Mais parece um filme que nos passa pelos olhos, do qual não conseguimos desviá-los, nem sequer para comer uma pipoca.

Brevemente poderei dizer se o segundo volume é tão bom como o primeiro, uma vez que a senhora minha irmã fez o favor de acabar de mo ofertar. GRAÇAS A DEUS! OU A ELA, melhor dizendo, porque esperar agora pelo desenrolar da história iria ser bastante cruel.

Portanto, este adeus é apenas um até já.

Ab
BM

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