Para quem vai passar por Milão apenas alguns dias, há lugares completamente incontornáveis e, para não vos acontecer o que me aconteceu a mim em alguns deles, aqui ficam pequenas dicas e recomendações.
Mas não sem antes umas poucas curiosidades. Isto de viajar e passear não é apenas coleccionar fotografias e pôr alfinetes nos mapas, à laia de "check!! next??". Eu penso que é também importante deixarmo-nos envolver pelas culturas, pelos usos e costumes, pelas pessoas, mas também pela história de cada lugar que fazemos nosso por um instante.
Milão, a capital da moda, do design e da arte, é também a capital da região italiana de Lombardia. Foi fundada pelos Celtas, outrora com o nome de Mediolanum.
Eu não sabia que a cidade tinha ascendência Celta, facto que me intrigou bastante. Infelizmente, são já poucas as influências visíveis. Mas adiante.
E se a sua origem me intrigou, o que me impressionou mais foi saber que a sua área metropolitana tem o PIB mais elevado da Europa! De facto, as ruas da cidade são um corropio de lojistas, compradores e yuppies. Alguma coisa eles devem produzir, de facto.
Mas chega de conversa. Vamos lá às atracções:
Não poderia deixar de começar por recomendar Santa Maria delle Grazie - Cenacolo Vinciano, cujo refeitório alberga o mais famoso fresco de DaVinci - A Última Ceia.
Se tiverem ouvido dizer que basta comprar o bilhete um dia antes, ou que podem comprar pelo telefone já lá em Milão... ESQUEÇAM. Foi o que eu fiz e já não consegui entrar. O melhor mesmo é reservar o bilhete on-line, no site da capela, com a maior antecedência que conseguirem.
Mas se o fresco de DaVinci é uma das maiores atracções da cidade, que é não há dúvida, também é verdade que o Duomo não lhe fica atrás:
É uma catedral em estilo Gótico e principal monumento da praça com o seu nome.
Ainda na mesma praça, poderão encontrar, à direita de quem está de frente para o Duomo, as Galerias Vittorio Emanuele II, que moram num edifício magnífico e que, crê-se, são o centro comercial mais antigo do mundo. São morada das lojas mais caras que podem imaginar e glamour é coisa que não lhe falta.
Aconselho um expresso no café Campari, logo no início das galerias, acompanhado com um licor com o nome que baptiza o café. É uma das melhores experiências da cidade. Acreditem.
No terraço das galerias, encontrarão um bar de cocktails, também baptizado com o nome do seu licor típico - Aperol. Também é bom, mas... eu prefiro o Campari. ;). De qualquer maneira, o Aperol é um óptimo sítio para se beber uma bebida, que vem sempre acompanha por um conjunto de snacks, que dá à vontade para jantar... e tem uma vista soberba sobre a praça do Duomo.
Para quem gosta de pintura, a
Pinacotera di Brera, uma galeria do tempo de Napoleão, composta por obras que o próprio saqueou principalmente em igrejas, é obrigatória. Vale muito a pena. É bastante grande, portanto organizem bem o vosso tempo quando lá forem.
Na parte mais alta da cidade fica o
Castello Sforesco. Um monumento imponente e actualmente alvo de remodelações. Não corresponde ao modelo tradicional de castelos que, pelo menos nós portugueses, estamos habituados. Mas uma coisa é certa, não ficarão defraudados por passarem lá. Tem uma galeria lá dentro, mas pouco mais para ver.
Do lado diametralmente oposto à entrada principal do Castelo, vão dar a estes bonitos jardins, onde poderão ver, ao fundo, o Arco da Paz, inspirado no Arco do Triunfo de Paris.
Se bem se lembram sobre o que escrevi acima sobre o fresco do DaVinci... convém porem em prática a mesma estratégia, se quiserem ir ver um espectáculo no
Teatro Alla Scala. Esgotam com meses de antecedência, portanto pensem bem nisso.
A basílica de S. Lorenzo Maggiore, dedicada ao mártir cristão São Lourenço, é um exemplo da arquitectura romana na cidade, tal como as colunas na entrada da praça não deixam enganar.
Mas uma visita a Milão nunca ficará completa, sem uma incursão à loucura do consumismo. O paraíso das mulheres e, na maioria, o inferno dos homens. Ruas como o Corso Montenapoleone
ou o
Corso Vittorio Emanuelle II, são os melhores sítios para apreciar malas e sapatos com mais de 4 dígitos.
what?!?!?
E algo que descobri, completamente por acaso, enquanto vagueava sem sono, de madrugada, pelas ruas do centro que, só por si, valem totalmente a pena pelos lindos edifícios que têm, encontrei o palácio da Bolsa, com uma escultura sui generis a si apontada. Foi, talvez, o conjunto mais surreal que vi numa cidade:
Naturalmente, a escultura, que foi cedida à cidade por um período de 50 anos, foi altamente polémica e muitos tubarões se mexeram para a porem dali para fora. Acontece que a escultura está avaliada num milhão de euros e a cidade não a quer perder. Então, porque não a pôr noutro sítio qualquer?
Porque o artista colocou uma clausula no contrato que postula que, se a escultura for movida do seu lugar original, retorna imediatamente para si. Ali é o lugar dela. A mandar o capitalismo para o real C@r@%&o.
Outras duas atracções interessantes são a catedral de Sant'Ambrogio e o Museo Nazionale della Scienza e della Tecnologia Leonardo da Vinci, dos quais não tenho fotografias dignas de publicação, mas que valem a pena de uma visita! :)
E pronto. É isto. Naturalmente, haverão muitos mais lugares de interesse na cidade que eu, por dificuldades de tempo, não tive oportunidade de visitar. Façam como eu e, partindo de uma base como esta, por exemplo, peguem num mapa e vagueiam à solta. Encontrarão muitas coisas interessantes. Ainda para mais, a cidade é praticamente plana, pelo que é muito fácil andar a pé. Há metro e eléctrico, portanto todas as distâncias são bastantes fáceis de percorrer.
Bons passeios,
BM